sexta-feira, 7 de junho de 2013

Miguel G. Arroyo


Educação e exclusão da cidadania

Ao longo da sua história, a educação tem passado por diversas modificações com a intenção de aprimorar a cada dia o processo de ensino e aprendizagem, com isso muitas mudanças e novas adaptações têm sido inseridas nos currículos escolares, levando muitos autores atentarem para temas que possam colaborar com as necessidades educacionais, destacando assim, os assuntos que contribuíram para o principal objetivo da educação atual, que é o de formar cidadãos críticos capazes de interpretar, julgar, opinar, e decidir seu futuro ou mesmo o futuro de da sociedade em que faz parte.  

Com relação à questão citada acima o autor Miguel G. Arroyo no livro - Educação e Cidadania quem educa o cidadão?- apresenta a sua colaboração, discorrendo sobre o tema : Educação e exclusão da cidadania. Tema esse, que vem sendo de grande importância para a formação pessoal e profissional de cada indivíduo, pois trata de assuntos que necessitam ser abordados com freqüência para formarmos uma sociedade preparada para participar do exercício da cidadania.

Segundo Arroyo, a justificativa dada por dirigentes políticos para a exclusão da cidadania tem sido a de que, o povo não possui maturidade política para esse exercício, com isso entende-se, que é preciso a escola, através do ensino propor uma aprendizagem voltada para conscientização e amadurecimento político. Ainda segundo Arroyo, a questão da imaturidade e do despreparo dos grupos populares para a participação e para a cidadania tem levado políticos e educadores  insistirem no tema; “educara para a cidadania”.  
Para se ter um estado organizado, que cumpra o seu dever, atendendo as necessidades da sociedade, é preciso que a educação moderna esteja atenta para um ensino, que valorize a participação social e  incentive cada indivíduo a adquirir esclarecimentos para lidar com sua própria liberdade, pois não basta ter cidadania, é necessário saber como está exercendo essa cidadania diariamente, em especial diante das tomadas de decisões.

Apesar de todo esforço possível, educar para a cidadania não é uma tarefa fácil, pois essa educação é vista como um mecanismo que controla a sociedade e nem todos os indivíduos estão dispostos a mudar de posicionamento diante daquilo que estão habituados a fazer, mesmo que a mudança proposta for para seu próprio beneficio. Contudo é preciso vencer a ignorância, para se tornar uma sociedade racional, esclarecida, com sujeitos políticos e participativos.

Mesmo sabendo que a educação vem ao longo dos anos, contribuindo para a inclusão da cidadania, Arroyo esclarece:


Enquanto os reais determinantes sociais e econômicos da exclusão da cidadania continuarem ocultos sob os escombros de tantas teorias pedagógicas tradicionais, novas e novíssimas inspiradas nessa lógica, e não forem socavados e postos de manifesto para os profissionais da educação e para as camadas populares, não haverá condições de fazer da luta pela educação uma expressão da participação e da cidadania.


É necessário entender que a justificativa para a exclusão da cidadania não corresponde com a questão real, já que a educação que vem sendo oferecida para a maioria pobre trabalhadora não tem transformado o individuo para o saber. Isso prova que a educação precisa ser repensada pelos governantes, representantes do poder e pelo estado.

             O estudo dos últimos séculos nos mostra uma compreensão muito significativa da transformação política/educacional na sociedade, que teve como fator relevante o poder de criticidade,
Devemos considerar a educação como essencial para o desenvolvimento da sociedade onde permanece a perspectiva de uma criação de sujeitos autônomos capazes de construir uma sociedade mais justa igualitária para todos. Este fundamento teórico ressalta uma sociedade política educacional voltada para uma eminente transformação social e formação digna, livre da ignorância e da irracionalidade num intuito de também obter uma sociedade diferente dos nossos ancestrais. (RUDÉ 1980).

Enfatizamos que as lutas por liberdade e direitos sociais iguais para todos, no decorrer da história, não era para que o homem pudesse apenas manter-se, mais tinha a pretensão de garantir os direitos sociais onde todos os indivíduos pudessem ser contemplados, principalmente aqueles que estavam às margens da socialização.


Quando o ser humano se preocupa menos consigo mesmo ele passa a ter maior conscientização quanto aos direitos coletivos. Assim, poderemos perceber a escola como instituição que socializa e não reprime a criança, onde se trabalha a cooperação o estímulo, a responsabilidade, a criatividade, o que propicia o desenvolvimento de habilidades essenciais á vida.
(FERNANDO AZEVEDO)



 Em uma educação satisfatória a criança deve ser preparada para a convivência em sociedade. Deve ter direito a ter liberdade aprendendo a expressar-se sem qualquer tipo de repressão para que possa sentir-se segura num ambiente harmonioso, para conviver e agir sempre de forma espontânea.  (ROSSEAU)


Claramente a partir deste pensamento podemos entender que a escola é um lugar diverso que socializa e inclui, deve trabalhar a interação/cooperação no espaço escolar sabendo que a criança deve ser preparada também para a vida lá fora, isto é, além dos muros da instituição, para ser inserido numa sociedade equilibrada.


No contexto condizente a prática educativa na contemporaneidade a educação de qualidade propicia a integração social entre indivíduos, porém o autor nos leva a refletir que de fato ela não está acessível a todos os cidadãos. Uma boa parte da população segue ainda excluída dos bens coletivos, destacando educação como um direito social inalcançável e inatingível ainda para “alguns”, pois a elite dominante exclui parte da sociedade do acesso à educação de qualidade. Dessa forma a classe exploradora mantém o padrão da desigualdade. Ele evidencia o fato que a elite dominadora retém poder e riqueza uma vez que esta não precisa de direitos, pois se considera acima deles e assim usurpam o papel público para beneficiarem apenas a eles.


Os direitos não existem para a maioria da população ao qual se refere a estes como (despossuídos), pois ao tentar fazer valer esses direitos são reprimidos pela elite, e toda essa problemática termina por caracterizar caso de polícia segundo (CHAUÍ, 1986).


Diante do exposto fica transparente a ideia de que a liberdade da elite significa a opressão ao extremo da população (os tido como minorias).

A leitura do texto sugerida para reflexão nos faz ter uma visão crítica e pertinente sobre a educação contemporânea que tem como princípio uma política educativa voltada para a cidadania e formação significativa de indivíduos autônomos e capazes de tomar suas próprias decisões, livres de artifícios alienadores.

Segundo o pensamento pedagógico e também a prática escolar, a infância deveria ser eternizada, pois é uma fase mágica e inocente. Onde acreditam que a criança não está envolvida com uma vida social, política e de trabalho.

Em contra ponto expõe a realidade de uma vida adulta, como um enfado,desgastante e cruel.Pois um adulto precisa levar a vida muito á serio, perdendo a inocência de uma criança.
Para o pensamento pedagógico a criança não é inserida na vida social  porque ainda não contribui diretamente para o progresso da sociedade.

Infelizmente a infância para algumas crianças pode durar menos que para outras, principalmente para crianças pobres, filhos de operários que precisam entrar cada vez mais cedo no mercado de trabalho e adotar um novo modo de vida, participando precocemente da chamada servidão civil.

O capitalismo é o grande vilão de tudo isso  pois está “devorando” as pessoas que são pressionadas  trabalhar cada vez mais em busca do progresso .

Progresso que chega para uns e para outros não, ou seja, apenas para os burgueses  que cada dia enriquece mais as custas dos que vendem seus dias para eles.

É notório também como o capitalismo rege ao estado, como cada indivíduo que esteja na classe baixa seja desvalorizado e excluído como se não fizesse parte da sociedade. No capitalismo não existe a real cidadania, pois o maior e único interesse da elite é cada vez ficar mais rico e poderoso, não dando oportunidade para a classe operária crescer. Os pobres sempre foram vistos como ignorantes, insanos, insignificantes e miseráveis, sem possibilidade de integrar-se a uma vida social e política.

As religiões vêm para dar um equilíbrio e certo controle, centrando as pessoas no que realmente tem valor e no que é importante para a vida de cada um.

As pessoas são classificadas de acordo com sua classe social, mas infelizmente a massa tem lutado para garantir seus direitos de educação, cultura, política, bem estar.

Pobres e ricos são cidadãos, mas infelizmente o direito de um está sendo preservado mais que o direito de outro e isso não é democracia.

É visto que a massa tem ganhado voz e poder para lutar e de pouco a pouco ganhar seus direitos de cidadãos, mesmo sendo considerados baderneiros, barulhentos e arruaceiros.
A educação por meio das escolas tem dado a sua grande contribuição, aumentando o conhecimento sobre os direitos dos cidadãos.

As escolas de um modo geral não têm se restringido a apenas disciplinas curriculares, mas têm se preocupado em formar cidadãos coerentes e pensantes, capazes de discernir o bem do mal, o certo e o errado.

Cidadãos capacitados para lutar e reivindicar por direitos que as leis garantem.
Na história da educação não existia relação com a cidadania, era muito restrito  limitava-se apenas ao currículo que lhe era transmitido.

Ainda na democracia formal a educação transmitia a cidadania,se a educação era manipulada pelos poderes políticos,imagine como não era ensinada essa cidadania?

A massa nunca deixou de lutar pelos seus ideais, mesmo sendo taxados como baderneiros sem cultura, porque ao invés de educação para cidadania não utilizamos a cidadania para educação?

Quando os cidadãos reivindicam seus direitos automaticamente demonstram busca pela educação, manifestando sua capacidade de  político-cidadão.


 É muito importante e eficaz conscientizar os alunos desde criança para a busca de direitos já garantidos por lei.Despertar o senso crítico a ponto de discernir o certo do errado,e entender até aonde acaba o nosso direito e onde começa o do outro.








Resumo bibliográfico

Possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (1970), mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (1974) e doutorado (PhD em Educação) - Stanford University (1976). É Professor Titular Emérito da Faculdade de Educação da UFMG. Foi Secretário Adjunto de Educação da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, coordenando e elaborando a implantação da proposta político-pedagógica Escola Plural. Acompanha propostas educativas em várias redes estaduais e municipais do país. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Política Educacional e Administração de Sistemas Educacionais, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, cultura escolar, gestão escolar, educação básica e currículo.



        Principais obras



ARROYO, Miguel González. Trabalho, educação e teoria pedagógica. In: G. FRIGOTTO. Educação e crise do trabalho: perspectivas de final de século. Petrópolis, 1998, p. 138-165.


ARROYO, Miguel González. Administração da educação, poder e participação. Educação e Sociedade, São Paulo, v. 1, n. 2, jan. 1979, p. 36-46.


ARROYO, Miguel González. Operários e educadores se identificam: que rumos tomará a educação brasileira? Educação e Sociedade, São Paulo, n. 05, jan./1980, p. 5-23.


ARROYO, Miguel González. Ciclos de desenvolvimento humano e formação de educadores. Educação e Sociedade. Campinas: CEDES, dez. 1999, v. 20, n. 68, p.143-162.


ARROYO, Miguel González. Da escola carente à escola possível. São Paulo: Loyola, 1986.32


ARROYO, Miguel González. Experiências de inovação educativa: o currículo na prática da escola. In: MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa (Org.). Currículo: políticas e práticas. Campinas, SP: Papirus, 1999.


ARROYO, Miguel González. Na carona da burguesia (retalhos da história da democratização do ensino). Educação em Revista. Belo Horizonte: (3): 17-23, jun. 1986.
ARROYO, Miguel González. A escola possível é possível? In: ARROYO, Miguel. (Org.). Da escola carente à escola possível. São Paulo: Loyola, 2003. p. 11-53.



ARROYO, Miguel González. As relações sociais na escola e a formação do trabalhador. In: FERRETTI, C. J.; SILVA JUNIOR, J. R.; SALES, M. R. N. (Org.). Trabalho, formação e currículo: para onde vai a escola? 1. ed. São Paulo: Xamã, 1999. v. 1, p. 13-42.



ARROYO, Miguel González. Educação de jovens-adultos: um campo de direitos e de responsabilidade pública. In: SOARES, L.; GIOVANETTI, M. A. G. C.; GOMES, N. L. (Org.). Diálogos na educação de jovens e adultos. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. p. 19-50.



ARROYO, Miguel González. Fracasso/sucesso: um pesadelo que perturba nossos sonhos. Em Aberto, Brasília, v. 17, n. 71, 2000, p. 33-40.



ARROYO, Miguel González. Gestão democrática: recuperar sua radicalidade política? In: CORREA, B. C.; GARCIA, T. O. (Org.). Políticas educacionais e organização do trabalho na escola. São Paulo: Xamã, 2008. p. 39-57.



ARROYO, Miguel González. O aprendizado do direito à cidade: a construção da cultura pública. Educação Em Revista, v. 26, p. 23-38, 1997.



ARROYO, Miguel González. A escola e o movimento social: relativizando a escola. ANDE, n. 12, 1989, p. 16-21.


ARROYO, Miguel González. Pedagogias em movimento o que temos a aprender dos movimentos sociais? Currículo sem Fronteiras, v. 3, p. 28-49, 2003.


ARROYO, Miguel González. Reinventar e formar o profissional da educação básica. In: Educação em Revista. Belo Horizonte: FaE/UFMG. n. 37, p. 7-32, 2003.


ARROYO, Miguel González. A infância interroga a pedagogia. In: SARMENTO, Manuel Jacinto. GOUVEA, Maria Cristina de Soares. Estudos da Infância: educação práticas sociais. Rio de Janeiro: Vozes, 2008. p. 119-140.


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