Educação e
exclusão da cidadania
Ao
longo da sua história, a educação tem passado por diversas modificações com a
intenção de aprimorar a cada dia o processo de ensino e aprendizagem, com isso
muitas mudanças e novas adaptações têm sido inseridas nos currículos escolares,
levando muitos autores atentarem para temas que possam colaborar com as
necessidades educacionais, destacando assim, os assuntos que contribuíram para
o principal objetivo da educação atual,
que é o de formar cidadãos críticos capazes de
interpretar, julgar, opinar, e decidir seu futuro ou mesmo o futuro de da
sociedade em que faz parte.
Com
relação à questão citada acima o autor Miguel G. Arroyo no livro - Educação e Cidadania quem educa o cidadão?- apresenta
a sua colaboração, discorrendo sobre o tema : Educação e exclusão da cidadania. Tema esse,
que vem sendo de grande importância para a formação pessoal e profissional de
cada indivíduo, pois trata de assuntos que necessitam ser abordados com
freqüência para formarmos uma sociedade preparada para participar do exercício
da cidadania.
Segundo
Arroyo, a justificativa dada por dirigentes políticos para a exclusão da
cidadania tem sido a de que, o povo não possui maturidade política para esse
exercício, com isso entende-se, que é preciso a escola, através do ensino
propor uma aprendizagem voltada para conscientização e amadurecimento político.
Ainda segundo Arroyo, a questão da imaturidade e do despreparo dos grupos
populares para a participação e para a cidadania tem levado políticos e
educadores insistirem no tema; “educara para a cidadania”.
Para
se ter um estado organizado, que cumpra o seu dever, atendendo as necessidades
da sociedade, é preciso que a educação moderna esteja atenta para um ensino,
que valorize a participação social e incentive
cada indivíduo a adquirir esclarecimentos para lidar com sua própria liberdade,
pois não basta ter cidadania, é necessário saber como está exercendo essa
cidadania diariamente, em especial diante das tomadas de decisões.
Apesar
de todo esforço possível, educar para a cidadania não é uma tarefa fácil, pois
essa educação é vista como um mecanismo que controla a sociedade e nem todos os
indivíduos estão dispostos a mudar de posicionamento diante daquilo que estão
habituados a fazer, mesmo que a mudança proposta for para seu próprio
beneficio. Contudo é preciso vencer a ignorância, para se tornar uma sociedade
racional, esclarecida, com sujeitos políticos e participativos.
Mesmo
sabendo que a educação vem ao longo dos anos, contribuindo para a inclusão da
cidadania, Arroyo esclarece:
Enquanto os reais determinantes sociais e
econômicos da exclusão da cidadania continuarem ocultos sob os escombros de
tantas teorias pedagógicas tradicionais, novas e novíssimas inspiradas nessa
lógica, e não forem socavados e postos de manifesto para os profissionais da
educação e para as camadas populares, não haverá condições de fazer da luta
pela educação uma expressão da participação e da cidadania.
É
necessário entender que a justificativa para a exclusão da cidadania não corresponde
com a questão real, já que a educação que vem sendo oferecida para a maioria
pobre trabalhadora não tem transformado o individuo para o saber. Isso prova
que a educação precisa ser repensada pelos governantes, representantes do poder
e pelo estado.
O estudo dos últimos séculos nos mostra uma
compreensão muito significativa da transformação política/educacional na
sociedade, que teve como fator relevante o poder de criticidade,
Devemos considerar a educação como essencial para o
desenvolvimento da sociedade onde permanece a
perspectiva de uma criação de sujeitos autônomos capazes de construir uma
sociedade mais justa igualitária para todos. Este fundamento teórico ressalta
uma sociedade política educacional voltada para uma eminente transformação
social e formação digna, livre da ignorância e da irracionalidade num intuito
de também obter uma sociedade diferente dos nossos ancestrais. (RUDÉ 1980).
Enfatizamos
que as lutas por liberdade e direitos sociais iguais para todos, no decorrer da
história, não era para que o homem pudesse apenas manter-se, mais tinha a
pretensão de garantir os direitos sociais onde todos os indivíduos pudessem ser
contemplados, principalmente aqueles que estavam às margens da socialização.
Quando o ser humano se preocupa menos consigo mesmo
ele passa a ter maior conscientização quanto aos direitos coletivos. Assim,
poderemos perceber a escola como instituição que socializa e não reprime a
criança, onde se trabalha a cooperação o estímulo, a responsabilidade, a
criatividade, o que propicia o desenvolvimento de habilidades essenciais á
vida.
(FERNANDO AZEVEDO)
Em uma
educação satisfatória a criança deve ser preparada para a convivência em
sociedade. Deve ter direito a ter liberdade aprendendo a expressar-se sem
qualquer tipo de repressão para que possa sentir-se segura num ambiente harmonioso,
para conviver e agir sempre de forma espontânea. (ROSSEAU)
Claramente
a partir deste pensamento podemos entender que a escola é um lugar diverso que
socializa e inclui, deve trabalhar a interação/cooperação no espaço escolar
sabendo que a criança deve ser preparada também para a vida lá fora, isto é,
além dos muros da instituição,
para ser inserido numa sociedade equilibrada.
No
contexto condizente a prática educativa na contemporaneidade a educação de
qualidade propicia a integração social entre indivíduos, porém o autor nos leva
a refletir que de fato ela não está acessível a todos os cidadãos. Uma boa
parte da população segue ainda excluída dos bens coletivos, destacando educação
como um direito social inalcançável e inatingível ainda para “alguns”, pois a elite dominante exclui parte da sociedade do acesso à
educação de qualidade. Dessa forma a classe exploradora
mantém o padrão da desigualdade. Ele evidencia o fato que a
elite dominadora retém poder e riqueza uma vez que esta não precisa de
direitos, pois se considera acima deles e assim usurpam o papel público para beneficiarem apenas a eles.
Os
direitos não existem para a maioria da população ao qual se refere a estes como
(despossuídos), pois ao tentar fazer valer esses direitos são reprimidos pela
elite, e toda essa problemática termina por caracterizar caso de polícia
segundo (CHAUÍ, 1986).
Diante
do exposto fica transparente a ideia de que a liberdade da elite significa a
opressão ao extremo da população (os tido como minorias).
A
leitura do texto sugerida para reflexão nos faz ter uma visão crítica e
pertinente sobre a educação contemporânea que tem como princípio uma política
educativa voltada para a cidadania e formação significativa de indivíduos
autônomos e capazes de tomar suas próprias decisões, livres de artifícios
alienadores.
Segundo
o pensamento pedagógico e também a prática escolar, a infância deveria ser
eternizada, pois é uma fase mágica e inocente. Onde acreditam que a criança não
está envolvida com uma vida social, política e de trabalho.
Em
contra ponto expõe a realidade de uma vida adulta, como um enfado,desgastante e
cruel.Pois um adulto precisa levar a vida muito á serio, perdendo a inocência
de uma criança.
Para
o pensamento pedagógico a criança não é inserida na vida social porque ainda não contribui diretamente para o
progresso da sociedade.
Infelizmente
a infância para algumas crianças pode durar menos que para outras, principalmente
para crianças pobres, filhos de operários que precisam entrar cada vez mais
cedo no mercado de trabalho e adotar um novo modo de vida, participando
precocemente da chamada servidão civil.
O
capitalismo é o grande vilão de tudo isso pois está “devorando” as pessoas que são
pressionadas trabalhar cada vez mais em
busca do progresso .
Progresso
que chega para uns e para outros não, ou seja, apenas para os burgueses que cada dia enriquece mais as custas dos que
vendem seus dias para eles.
É
notório também como o capitalismo rege ao estado, como cada indivíduo que
esteja na classe baixa seja desvalorizado e excluído como se não fizesse parte
da sociedade. No capitalismo não existe a real cidadania, pois o maior e único
interesse da elite é cada vez ficar mais rico e poderoso, não dando
oportunidade para a classe operária crescer. Os pobres sempre foram vistos como
ignorantes, insanos, insignificantes e miseráveis, sem possibilidade de
integrar-se a uma vida social e política.
As
religiões vêm para dar um equilíbrio e certo controle, centrando as pessoas no
que realmente tem valor e no que é importante para a vida de cada um.
As
pessoas são classificadas de acordo com sua classe social, mas infelizmente a
massa tem lutado para garantir seus direitos de educação, cultura, política, bem
estar.
Pobres
e ricos são cidadãos, mas infelizmente o direito de um está sendo preservado
mais que o direito de outro e isso não é democracia.
É
visto que a massa tem ganhado voz e poder para lutar e de pouco a pouco ganhar seus
direitos de cidadãos, mesmo sendo considerados baderneiros, barulhentos e
arruaceiros.
A
educação por meio das escolas tem dado a sua grande contribuição, aumentando o
conhecimento sobre os direitos dos cidadãos.
As
escolas de um modo geral não têm se restringido a apenas disciplinas
curriculares, mas têm se preocupado em formar cidadãos coerentes e pensantes, capazes
de discernir o bem do mal, o certo e o errado.
Cidadãos
capacitados para lutar e reivindicar por direitos que as leis garantem.
Na
história da educação não existia relação com a cidadania, era muito restrito limitava-se apenas ao currículo que lhe era
transmitido.
Ainda
na democracia formal a educação transmitia a cidadania,se a educação era
manipulada pelos poderes políticos,imagine como não era ensinada essa
cidadania?
A
massa nunca deixou de lutar pelos seus ideais, mesmo sendo taxados como
baderneiros sem cultura, porque ao invés de educação para cidadania não utilizamos a cidadania
para educação?
Quando
os cidadãos reivindicam seus direitos automaticamente demonstram busca pela
educação, manifestando sua capacidade de político-cidadão.
É muito importante e eficaz conscientizar os
alunos desde criança para a busca de direitos já garantidos por lei.Despertar o
senso crítico a ponto de discernir o certo do errado,e entender até aonde acaba
o nosso direito e onde começa o do outro.
Resumo bibliográfico
Possui
graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (1970),
mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (1974) e
doutorado (PhD em Educação) - Stanford University (1976). É Professor Titular
Emérito da Faculdade de Educação da UFMG. Foi Secretário Adjunto de Educação da
Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, coordenando e elaborando a implantação
da proposta político-pedagógica Escola Plural. Acompanha propostas educativas
em várias redes estaduais e municipais do país. Tem experiência na área de
Educação, com ênfase em Política Educacional e Administração de Sistemas
Educacionais, atuando principalmente nos seguintes temas: educação, cultura
escolar, gestão escolar, educação básica e currículo.
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