sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A arte da educação humanista – inspirar para AGIR e TRANSFORMAR

Construir o futuro significa criar pessoas. Isso somente é possível com a educação”, conclama o poeta, filósofo, humanista e presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda. Criar seres humanos capazes de promover uma Educação realmente humanística é o grande anseio de toda a SGI e, para tanto, a organização vem incentivando todos os seus associados no mundo a engajarem-se neste propósito. No último dia 3 de agosto, a Coordenadoria Educacional da BSGI realizou o 2º Fórum de Educação Humanista, com a participação de centenas educadores de todo o país. O tema do encontro: A arte da educação humanista – inspirar para AGIR e TRANSFORMAR. Dentre os mais de 600 participantes, 50 são professores da rede pública de ensino, não-associados, convidados especialmente para o evento.
A palestrante convidada, Marilzes Petroni, é escritora, poeta e artista plástica. “Sabemos que há diversos tipos de inteligência, Howard Gardner estudioso do cérebro humano enumerou sete, mas tenho certeza que existem mais. Linguística, matemática, musical, espacial, psicocinética (cinestésica), interpessoal, intrapessoal”, ilustrou. Sob o título O Eu Coletivo, ela enfatizou ainda que a incumbência da escola é desenvolver as inteligências múltiplas detectando as deficiências e planejando medidas para saná-las de maneira alegre e participativa.
Sob o tema que norteou todas as ações do Fórum, A arte da educação humanista – inspirar para AGIR e TRANSFORMAR a psicóloga, educadora e associada da BSGI, Irene Sakajiri discorreu sobre como inspirar os alunos a se tornarem mais e melhores.

Fonte: http://www.bsgi.org.br/noticia/

Eu participei e amei a experiência!!!

Obrigada pelo empenho de todos!!!

II Fórum de Educadores Humanistas- SP agosto /2013

Notícias

Ações pedagógicas humanistas 2

Avaliação diferenciada


Beatriz: avaliações lúdicas
Beatriz Silva Groppa leciona Geografia na Escola Municipal de Educação Fundamental Jardim Santo Elias, de Pirituba, bairro da zona norte da cidade de São Paulo. A professora é associada da BSGI e membro da Coordenadoria Educacional. Seu relato de atividades foi compartilhado durante uma vivência educacional, parte da programação do 2º Fórum de Educação Humanista, realizado pela Coordenadoria Educacional da BSGI no Centro Cultural Campestre em 3 de agosto.

“Imagino que todo professor capaz de um olhar altruísta com seus alunos reconhece que uma prova tradicional – tipo perguntas e respostas, ou mesmo com enunciados com testes não reflete o verdadeiro conhecimento dos alunos”, iniciou a professora. Observando o desempenho dos alunos da 7ª série/8° ano nas atividades avaliativas teve a certeza de que realmente deveria aplicar outras formas de avaliação a fim de oferecer maiores oportunidades de sucesso a um maior número de alunos. “Afinal existem conhecimentos mesmo onde há dificuldades de leitura e escrita”, conclamou.

Após várias atividades escritas, de pesquisa e de perguntas e respostas pensou em aplicar uma prova bimestral diferenciada. “Minha ideia foi realizar uma prova oral em forma de jogo, no caso, ‘batata quente’”, explicou.

Mesmo decidida a mudar o formato da avaliação foram inúmeras as dúvidas. Primeiro a insegurança, dizia: “ah, é melhor não arriscar; um jogo no dia da prova vai virar uma bagunça!” Mas refletindo bem sobre o objetivo estruturou as regras e os critérios para atribuir as notas/conceitos e elaborou questões simples que fossem fáceis de lembrar sem que precisasse recorrer à leitura.

Pensou mais uma vez, muniu-se de coragem e iniciou. Explicou que faria uma prova oral na forma do jogo “batata quente” e que deveriam organizar as carteiras em círculo, para “passar a bola” enquanto ouvissem a recitação do tradicional “batata quente, batata quente, quente, quente .....”, e parar a bola quando ela avisasse. Aí viria a pergunta. Enfatizou que aluno “selecionado” poderia responder consultando o caderno, o livro didático ou outro material; poderia ainda consultar um colega e ambos receberiam a pontuação e o conceito em acordo com os acertos de suas respostas.

Previamente, Beatriz instruíra seus alunos sobre o conteúdo a ser estudado, mas não disse nada sobre o formato da avaliação. Naturalmente, ao receberem as instruções sobre a prova, sentiu a tensão e apreensão da classe. Pediu uma bolinha a um deles e o jogo começou. Imediatamente, as vozes em uníssono iniciaram a ladainha: “Ba-ta-ta quente, quente, quente…”. De forma natural, a sala animou-se e a apreensão se dissipou. Surpreendentemente, todos – apesar de algumas brincadeiras pontuais – fizeram silêncio no momento da pergunta. “Com isso, perdi o medo de inovar por conta de uma possível indisciplina”, contou Beatriz.

Em determinado momento, uma aluna estava com o celular buscando a resposta na Internet quando foi repreendida pelos colegas. Seguiram-se reclamações múltiplas:

– Não vale!

Serenamente, Beatriz explicou que a busca era válida sim, por todos têm de aprender a pesquisar e selecionar as melhores informações. Tal procedimento tem a ver com a criação de autonomia, independência. Afinal, não é essa a função da escola? Oferecer subsídios para que o aluno se torne um cidadão do mundo, autônomo, independente e capaz de fazer suas escolhas?

Os 45 minutos de tempo regulamentar de uma aula, todos os alunos tiveram a oportunidade de responder – sozinhos ou com o auxílio de um colega – e aprender; sentindo-se bem ao interagir e compartilhar suas respostas e também seus erros. Ao final, todos animados e satisfeitos, arrumaram as carteiras e perguntaram se teria mais prova no outro dia. “Já imaginaram isso: alunos querendo prova também no outro dia?!?!?!?”, exclamou Beatriz.

Outro fato curioso: depois de dois meses, no final do semestre, alguns alunos ficaram surpresos com as notas/conceitos bons e ótimos da turma e perguntaram o porquê de ninguém ter ficado com notas vermelhas como de costume. Respondeu que valeram a pena os esforços para levar atividades avaliativas de diversos tipos, que explorem as habilidades diferentes de cada um, dando a chance de todos mostrarem o que sabem fazer de melhor e também de desenvolverem mais as outras habilidades que ainda não têm.

Beatriz acredita que seu objetivo foi plenamente atingido. Por meio da avaliação diferenciada, conseguiu despertar, mostrar, inspirar e revelar potenciais dentro do benevolente espírito de um Educador Soka. Afinal o aprendizado de um aluno não pode ser passado adiante feito uma “batata quente”, precisa acontecer aqui e agora. “Utilizar várias estratégias com o objetivo de contemplar cada aluno, ajudando-o a ser feliz enquanto aprende é uma estratégia de um verdadeiro professor humanista”, finalizou a professora Beatriz.

Fonte: http://www.bsgi.org.br/noticia/

II Fórum de Educadores Humanistas - SP agosto /2013

Notícias

Ações pedagógicas humanistas 1

A professora “eventual”


A professora "eventual" Silvia Nascimento
Há um ditado chinês que diz: Não vá por onde leva a trilha. Em vez disso, siga por onde não há trilhas e deixe seus rastros. A professora Silvia Aparecida do Nascimento, associada da BSGI e da Coordenadoria Educacional, decidiu que não utilizaria a trilha natural. Enquanto o natural do ser humano é buscar a zona de conforto o mais rápido possível, o que na docência significa conseguir uma classe e se tornar titular, Silvia preferiu ser eventual. Ela fez seu relato de atividades no 2º Fórum de Educação Humanista, promovido pela Coordenadoria Educacional da BSGI, no último dia 3 agosto, no Centro Cultural Campestre, localizado no município de Jandira, na Grande São Paulo. “Para trabalhar valores em que acredito com os alunos é necessária certa liberdade e distanciamento da pressão que os professores recebem em relação a cumprir o programa, passar os conteúdos, atingir metas de desempenho etc”, explicou. Assim assumiu a docência “eventual”. “É aquela que está sempre disponível para amparar os alunos quando os outros professores ‘faltam’!”, exclamou.

Dessa forma, Silvia tem o privilégio de se encontrar com alunos desde a 5ª série até o 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Prof.º Walter Sheppis que fica localizada no município de Vicente de Carvalho, no município de Guarujá, litoral sul do estado de São Paulo.

Incrustrada em uma região cercada por três favelas – seus alunos chegam a ir armados à aula. “Já vi muitos portando armas em sala de aula. Minha dificuldade maior é que meus colegas professores já não têm mais paciência com estes alunos; desistiram deles”, ilustra.

Incentivar o hábito saudável da leitura foi sua principal meta, pois trata-se de sua grande paixão. Embora o caminho fosse difícil, perseverou. Compilou em uma pasta as histórias que mais a encantaram ao longo da vida, alinhavando-as com as histórias de vida de seus educandos. Buscou conhecer bem as dificuldades das classes mais violentas e percebeu que muitos alunos afirmavam “odiar” suas mães. A partir disso soube onde deveria focar suas histórias. Rodas de conversa, pesquisas pontuais sobre a situação destes seres humanos com tantos problemas taxados de alunos “que não têm mais jeito” e muita paciência foram suas “armas” para vencer a resistência.

“Vocês querem lição ou diversão?”, perguntou Silvia. Não por desejar passar a ideia de que lição seja um castigo, mas com o propósito de fazer um contraponto entre as suas ações de forma que eles compreendessem e pudesse se aproximar deles. Muitos alunos, no início, olharam desconfiados imaginando que levariam um sermão se escolhessem a diversão. “É a mesma coisa, não é mesmo?”, perguntou a professora à platéia. Sua estratégia teve como propósito dar aos alunos a ideia de liberdade de escolha. É como afirma o poeta Holderlin: Onde há escolha, há liberdade! É isso que ela desejava que sentissem: um empoderamento ao assumir suas escolhas. Havia tanta desconfiança que Silvia demorou um bocado até convencê-los de que ela realmente desejava que eles escolhessem a diversão.

Silvia buscava trabalhar sempre com duas aulas seguidas, assim tinha condições de realizar uma verdadeira Contação de História. “Em minha performance eu pego no braço, eu busco envolver com respeito e carinho, eu não desisto enquanto não consigo um ‘olho no olho’...”, afirma. Silvia envolve-se na história e sempre tem um foco, imperceptível aos alunos, mas a professora pesquisou e focou-se nos problemas deles. Sem perceber seus alunos estavam aprendendo a gostar dos livros, ainda que travestidos em uma singela e enorme pasta.

Certo dia a professora eventual foi designada à sala de um aluno muito difícil. Alex (nome fictício) era o terror de todos os professores. Só o que se ouvia era “ai, vou pra sala do Alex!” De tanto ouvir tais lamentações, Silvia passou a intimamente temer o tal garoto. Em vez de sucumbir a esse pensamento, procurou informações sobre ele. Mas ninguém sabia nada dele, nenhum dos colega tinha se interessado em conhecê-lo. Mas de tanto insistir, descobriu que a irmã dele já havia sido sua aluna. Ao contatá-la soube que ele apanhava o tempo todo em casa e a única coisa que todos sabiam é que ele, o Alex é que era violento.

Pois decidiu que iria tocá-lo. Escolheu uma história bem chocante que no final a mãe da personagem morria e não tivera tempo para confessar o quanto a amava. “Quando terminei de contar a história, postulei: quando chegarem em casa digam às suas mães que vocês a amam”, contou Silvia. O tal “aluno-problema” se levantou, olhou para Silvia e apaludiu. A professora pensou: ele está me gozando. “Mas eu olhei nos olhos dele e fiquei sem palavras! Uma pessoa que fala tanto quanto eu falo! Imaginem: ficar sem palavras”, disse. Silvia não agüentou, sucumbiu às lágrimas. Isso acontece muito isso em suas aulas. Emoção, valor humano quase em extinção nas salas de aula de todo país, trocada – infelizmente – pela sua antítese: confronto, competição, desrespeito, desamor.

Outro exemplo: na mesma sala havia uma menina que não a suportava. Assistia a todas as aulas, menos a dela. Mas de tanto ouvir os comentários dos colegas, um dia ela decidiu ficar e assistir à aula de Sílvia. Os alunos então pediram a mesma história, porque ela – a menina – precisava ouvir. Enquanto contava olhava para a menina disfarçadamente. Percebeu que periodicamente resmungava com uma amiguinha: “ai, não é possível, eu não vou chorar, eu não vou chorar!”. A outra menina também não acreditava que ela choraria. E Silvia pensando em como ela própria detestava chorar em público e no quanto tinham em comum. Quando termineu a história a menina não conseguiu se conter e desabou em um choro sentido. E novamente toda a sala aplaudiu com o mesmo entusiasmo da primeira vez.

A história correu os corredores, pátio, salas. Todos queriam saber como é que Silvia conseguia arrancar aplausos de suas “plateias”. “Eu, sinceramente, não sabia o que responder”, disse a professora, “eu estava apenas seguindo as orientações do meu mestre, dr. Daisaku Ikeda, que afirma que é preciso amar os alunos como se fossem nossos filhos. Estava somente aplicando a Educação Humanista Soka, mas sem ter consciência disso”, enfatizou.

Silvia ressaltou que a grande diferença lhe foi proporcionada pela Coordenadoria Educacional da BSGI que elucidou-lhe os conceitos da Teoria de Criação de Valores de Tsunessaburu Makiguti. “Sou uma verdadeira educadora humanista e não – como pensam alguns – uma professora “eventual” porque não tem sua classe”, afirmou resoluta.

O resultado final deste trabalho é que os alunos estão querendo reativar a biblioteca da escola que está interditada. “Eles agora querem abrir a biblioteca! Precisa dizer mais alguma coisa?”, finalizou a professora humanista.

Fonte: http://www.bsgi.org.br/noticia/